O ato criativo: uma forma de ser
Fui pega pelo título. Me considero uma pessoa criativa – e, para mim, criatividade é sinônimo de ousadia. Sendo assim, lá vou eu.
Logo nas primeiras linhas, o Rick Rubin (autor) afirma que “criar é trazer à existência algo que antes não existia. Pode ser uma conversa, a solução de um problema, um bilhete para um amigo, um novo caminho para casa a fim de evitar o engarrafamento.” Não há nada mais criativo do que se permitir ver o mundo com outros olhos, pela transversal, abrir-se ao novo, ao (des)conhecido, que logo menos será seu amigo. O próximo passo só será construído se o primeiro for dado. Aqui não é um convite à ausência de medo, mas sim, ao enfrentamento deste, ir além. “Pelo mero fato de estarmos vivos já podemos nos considerar participantes ativos do processo contínuo de criação“, afirmou Rubin.
Em um dos parágrafos, o autor nos convida a refletir sobre a jornada ininterrupta das crianças em manterem-se criativas. À isso, ele deve a aceitação de novas informações com prazer e alegria, ao invés de fazer comparações que só servem para minar ou arruinar uma boa ideia. É preciso “praticar um jeito de ser que permite vermos o mundo com olhos inocentes e não corrompidos“.
Minha crença maior sempre foi ao encontro de que, quanto mais repertórios, mais interessante você se tornará. E o Rick Rubin pensa semelhante, ao afirmar que “quando repetimos o exercício de abrir nossos sentidos para o que existe, ficamos mais perto de viver em estado continuamente aberto. Criamos um hábito. Um hábito em que a consciência expandida é o modo padrão de estar no mundo.” Numa experiência de jornada em autoconhecimento, estive na Índia e, durante o curso em que fiquei em silêncio por 9 dias, ouvi de um dos mestres em meditação que “uma vez que a sua consciência se expanda, ela nunca mais voltará a ter o mesmo tamanho“; tão verdade quanto minhas experiências me provam a cada dia.
Para o autor deste livro, a sua interessantíssima visão corrobora que “viver como um artista é uma prática. A obra real do artista é um modo de estar o mundo“. E, para ser um artista ainda melhor – não importa em qual área você atue – exercitar a escuta “abre possibilidades e permite que você veja um mundo maior. Escutar não é apenas tomar consciência. É liberta-se das limitações já aceitas.”
Rompa hábitos conhecidos. Procure pelas diferenças. Observe as conexões que vão se formando ao longo da vida. Mergulhe o mais fundo que puder. “Treine-se para ver o assombro por trás do óbvio.” Adorei essa frase e vejo tanta beleza nela.
Sou adapta das pausas, dos respiros profundos. Não há mente criativa que sobreviva à um ambiente (interno ou externo) barulhento. É preciso fechar os olhos para ver. “Às vezes, o momento mais ordinário cria a arte extraordinária“.
Para finalizar e deixar vocês com gostinho de quero (ler) mais, Rubin afirma que “a criatividade é algo que você é, não algo que você faz. É um modo de estar no mundo, a cada minuto, a cada dia.”. Ele segue afirmando: “permanecer nisso significa o compromisso de se manter aberto ao que está à sua volta. Prestar atenção e escutar. Procurar relações e conexões no mundo exterior. Buscar a beleza. Procurar histórias“.
Observe e aguarde as respostas que você tanto buscou. Elas sempre estiveram – e estarão – bem mais perto que você poderia imaginar.
Um abraço,
Mariuche Ismerim
CEO | Hoyo Brand